É essa época do ano, quando a Internet explode com artigos e vídeos que pretendem deter a maré de meninas cristãs dirigindo-se à praia ou para a piscina vestindo "biquínis de bolinha amarelinha tão pequeninos."
Evidentemente, muitos destes recursos são valiosos. Alguns deles até oferecem novos insights na discussão sobre decência - mas mesmo o melhor deles perde cerca de metade da população, e por "metade-da-população" me refiro à metade que usa calção de banho de cintura baixa para a piscina. Isso mesmo, estou falando de homens.
Agora, em anos anteriores, tal omissão pode ter se perdido em mim. Mas eu tenho recebido e-mails suficientes de meninas frustradas que me fazem levar este duplo-padrão a sério: Caras cristãos esperam que as meninas sejam decentes, mas dificilmente dão uma segundo olhada em sua própria decência.
Isso é estranho. As mulheres podem estar derramando roupas nesta época do ano, mas os homens também são assim. Por que estamos falando apenas de decência feminina? Se a decência é importante, então é importante para todos os cristãos. Se não é importante para os homens, então por que todo esse barulho sobre as mulheres? Se é importante para as mulheres, por que o silêncio sobre os homens?
É porque homens não podem ser indecentes?
Não... Tenho certeza de que a existência de sunguinhas exclui essa possibilidade.
Será que é porque as meninas não lutam com luxúria física?
Não... A esposa de Potifar com certeza não foi a última mulher que "pôs os olhos" em um cara e cobiçou o seu "belo porte e aparência" (Gn. 39:6-7).
Mas pelo nosso silêncio passamos a mensagem de que a decência é uma questão feminina e luxúria é uma questão masculina. Os rapazes sentam ao redor da piscina usando trunks de cintura baixa e bronzeando seus abdominais e peitorais, enquanto desejam que as meninas se cubram. E as meninas ficam se perguntando o que as pessoas vão pensar se elas admitirem estar lutando com a luxúria.
Eu tenho que confessar, eu não era decente na faculdade. Comecei a trabalhar no meu primeiro ano e gostava de exibir os frutos do meu trabalho. Minha escola cristã tinha um código de vestimenta que não permitia aos rapazes andar sem camisa, mas eu provavelmente alarguei os limites do que era permitido. Nem sempre foi consciente, mas eu queria que as pessoa vissem meus braços. Eu queria minhas camisas apertadas o suficiente para mostrar os meus músculos. Eu queria que as pessoas vissem a minha forma. A única diferença entre mim e as meninas indecentes no campus era que eu tinha uma forma masculina e elas tinham uma forma feminina.
Então, o que estava acontecendo? Eu me senti apto e confiante no meu corpo e queria apresentá-lo. Isto é exatamente o que as minhas irmãs em Cristo foram cuidadosamente instruídas a não fazer. Então eu estava fazendo algo errado? Se eu vou ser consistente, sim eu estava.
Mas ninguém nunca disse uma palavra para mim sobre decência.
Eis a conclusão que fui forçado a fazer: Se as meninas devem ser decentes, os rapazes também devem. Se as meninas devem pedir a opinião dos seus pais e irmãos, os rapazes devem pedir a dos seus seus pais e irmãs. Se as meninas devem considerar seus irmãos em Cristo, os rapazes devem considerar suas irmãs em Cristo.
Quando aplicamos os padrões de decência em todos os sentidos, eles fazem duas coisas:
Primeiro, ele transforma a decência de algo que as mulheres fazem para os homens em algo que as pessoas fazem umas para as outras. Isso é muito saudável.
Em segundo lugar, coloca os homens no lado que recebe a conversa sobre decência, o que, sem dúvida, nos humilha, e nos tornarmos mais atenciosos.
Quando eu penso sobre minhas escolhas de roupas na faculdade, isto simultaneamente me convence de indecência e me ajuda a entender a luta que as meninas enfrentam tentando ser decentes. Eu não estava tentando ser impróprio. Eu só queria ter uma boa aparência. Eu era solteiro. Eu queria ser atraente para as meninas e eu queria estar estimado por outros caras. Para eu ser decente eu teria de usar camisas mais soltas que eu achava que não ficava tão bem em mim. Isso teria sido difícil. E tomar essa decisão difícil me teria feito muito mais sensível e atencioso com as minhas irmãs em Cristo.
Agora, se eu aprendi alguma coisa a partir da Pesquisa de Decência original (em inglës) é que essas discussões podem ser perigosas. Por um lado, falando de decência e luxúria, no mesmo artigo pode implicar que indecência provoca a luxúria, o que é uma mentira destrutiva. Nenhum homem (ou mulher) nunca foi forçado à luxúria pela roupa de outra pessoa. Por outro lado, permitindo que homens ou mulheres deem um feedback para o sexo oposto faz com que pareça que nossa decência é para o outro. Não é. É para Deus. A opinião do sexo oposto apenas ajuda.
O objetivo da decência (e meu objetivo em iniciar esta conversa) é honrar a Deus com nossos corpos, não porque eles estão sujos ou vergonhosos, mas porque eles são gloriosos e santos. Parafraseando Jessica Rey, a decência não é sobre encobrir o que é ruim, mas sobre revelar dignidade.
Quando o verão estiver rolando, homens e mulheres devem parar e pensar sobre o que colocar ou tirar. Tanto homens como mulheres deveriam se perguntar se seus guarda-roupas refletem o bom gosto, o respeito pelos seus corpos, e humildade de coração. Tanto homens como mulheres devem lembrar que eles foram comprados por um preço, que eles são separados como filhos de Deus, e devem honrá-Lo com seus corpos.
Então, moças, eis o que eu quero saber:
- Que maneiras de se vestir e de se comportar são indecentes para os homens?
- O que os rapazes cristãos fazem que é tão inútil e imprudente com vocês, moças, quanto as mulheres cristãs que se exibem em trajes de banho minúsculos?
- Em que mais os homens "falham" na decência? Existem outros duplos-padrões que você identifica?
Minha esperança é que, ao expandir a discussão sobre decência para homens e mulheres, reforcemos uma decência sincera e eliminemos padrões duplos.
Por Brett Harris, do blog The Rebelution.
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